
Ouvir as Nossas Necessidades Reais
O que aconteceu a nossa voz interior?

Factos e Números
Sabias que quando comemos mais devagar conseguimos digerir e hidratar melhor, manter o nosso peso e sentimos mais satisfação com cada refeição?
Constatamos que existem pessoas que conseguem manter a elegância comendo tudo que lhes apetece e outras que engordam no momento em que fazem a mínima divergência na dieta. Isto faz-nos questionar se efetivamente vale a pena ouvir o nosso corpo, sobretudo quando nos pede mais comida. Será que faz mais sentido não dar ouvidos ao nosso corpo?
Decidimos investigar o que sucedeu a esta nossa voz interior que transmite informação entre o nosso cérebro e o nosso intestino, que é reconhecido como o nosso segundo cérebro. O bioma intestinal é constituído por bactérias e outros microorganismos, todos instrumentais no processo digestivo e na nossa absorção de nutrientes.
Outro conhecimento importante é que temos tantos neurónios no nosso intestino quantos temos no nosso cérebro, permitindo a ambos esses órgãos estarem sempre em comunicação. Este intercâmbio de informação incide sobre se estamos a aceder aos nutrientes todos que precisamos para ficarmos bem, e o quanto precisamos de comer para conseguir o nosso bem-estar.
Os alimentos que ingerimos fomentam o desenvolvimento de diferentes bactérias e microrganismos no nosso intestino – quando nos alimentamos com alimentos adequados em qualidade e quantidade para o nosso bem-estar (e isto é dependente de metabolismo, da genética, da exposição a toxicidade e ao estilo de vida individual de cada um), é surpreendente quanto simpática e clara se torna a nossa voz interior – pedindo apenas os alimentos que são necessários para o nosso bem-estar.
Sempre que cuidamos do bem estar do nosso intestino, este cuida de nós.

Contos

voice of wisdom
“Nuchi Gusui” translates roughly to “may your food (and lifestyle) heal” or “food is medicine”, and is a philosophy of life the people of Okinawa live by. “Nuchi Gusui” significa “que a comida te cure” ou “comida é remédio” e é a filosofia de vida ancestral do povo de Okinawa.
É assim que as pessoas de Okinawa desejam aos outros “bom apetite” – O povo de Okinawa é conhecido por ser uma “blue zone”, ou seja pela sua longevidade! O princípio de ingerir a dose certa é um princípio inspirador que podemos encontrar em muitas culturas, incluindo algumas muito distantes de nós, como a cultura alimentar de Okinawa. Por exemplo, um dos princípios praticados pelo povo Okinawa é diminuir a velocidade de ingestão quando percebem que já atingiram 80% das suas necessidades. Se formos atentos às seguintes práticas no nosso quotidiano, podemos afastar a armadilha de estarmos a comer mais do que necessitamos:
- Utilize pratos pequenos para servir a sua refeição;
- Coloque apenas a comida suficiente no prato;
- Afaste-se o mais que puder do local de confecção dos alimentos. Sente-se (idealmente perto do chão) e desfrute a sua refeição;
- Coma devagar, mastigue bem e dedique algum tempo a agradecer pela refeição que ingeriu;
- Se sentir vontade de comer mais do que colocou no prato, levante-se, caminhe até à cozinha e, questione-se se ainda precisa realmente de comer mais, se sim, sirva-se novamente e repita o processo a partir do 2º ponto.
No início da refeição o povo de Okinawa saúda-se assim entre si com os seguintes votos: “Que a comida te cure”.
(The Okinawa Way – por Bradley Willcox, Craig Willcox, Makoto Suzuki ISBN 0-718-14494-5)

A DANÇA COM A TENTAÇÃO
Daniela é uma mãe solteira e designer austríaca, que trabalha em casa. Depois de partilhar com ela o princípio de Okinawa de comer apenas o necessário, ela adotou-o como uma estratégia, adaptando-o ao seu ritual de tentações, depois partilhou comigo a seguinte história:
“Moro no terceiro andar de um edifício tradicional em Viena de Áustria (sem elevador e com pé direito muito elevado). A caixa do correio encontra-se no piso de entrada e o edifício não tem aquecimento central! Assumidamente viciada em chocolate, quando o tenho demasiadamente perto de mim torna-se impossível resistir e acabo por comer muito mais do que devia. Incorporei a estratégia Okinawa adaptando-a à minha realidade! Atualmente guardo as minhas barras de chocolate na caixa de correio e todas as vezes que sinto necessidade de uma recompensa doce, desloco-me até ao piso térreo, tiro a minha porção de chocolate, subo de volta ao terceiro andar para o apreciar dentro de casa. Assim para além de aumentar o prazer de degustação faço também algum exercício.”
Manter as nossas tentações a uma distância segura pode nos ajudar a gerir melhor a tentação de ingerir os alimentos que gostamos e que inconscientemente recorremos para uma rápida compensação emocional e não necessariamente uma resposta a uma necessidade do organismo para melhorar o equilíbrio de saúde.
As hormonas que libertamos quando ingerimos açúcares (do próprio chocolate) têm um efeito calmante sobre nós emocionalmente, mas também promovem doenças como diabetes, que têm um impacto elevado sobre a nossa qualidade de vida e também um enorme custo para o sistema de saúde.

INGERIMOS OS ALIMENTOS COM TEMPO
André é uma pessoa muito pacífica – calma, quieta, leva tempo com todos os seus movimentos – tem até uma frequência cardíaca mais baixa do que a maioria das pessoas. Casou com a Joana, que está sempre a correr e a fazer mil coisas – ela provavelmente tem uma frequência cardíaca mais alta do que a maioria das pessoas. Digo provavelmente, porque ela nunca teve tempo para a medir.
Como a maioria dos casais, quando começaram a namorar, saíam para jantar fora. Muitas vezes a Joana dava por si a terminar a sobremesa enquanto o André estava apenas a começar o prato principal. Isto começou a preocupá-la… Foi então que a Joana decidiu partilhar com o seu terapeuta quântico (a quem ela consultou para a ajudar a lidar com o stress na sua vida) e o terapeuta respondeu:
“Graças a Deus! Agora tem alguém que a forçará a comer devagar e a apreciar a sua comida! Quantas vezes lhe tentei dizer que precisava mastigar a sua comida! A maneira como está a comer é a mesma de como está a viver – rápido demais – e isso não vai apoiar a sua saúde. Aproveite esta oportunidade para desacelerar.”
E ela assim fez.
A Joana e o André estão juntos desde então. Eles desfrutam das suas refeições pacificamente todos os dias.

RAÇÃO SUSTENTÁVEL
Segundo a ONU, em 2018, a fome chegou a 820 milhões de pessoas. A maioria em países subdesenvolvidos. Em países desenvolvidos, porém, muitos outros milhões, que têm acesso ao alimento, preferem ingerir produtos inadequados, contribuindo para uma crise de obesidade e desnutrição.
Imaginemos que somos chamados a resolver estes problemas e que temos toda a liberdade para implementar processos de produção e fornecimento dos alimentos necessários a cada habitante para erradicar a fome e a obesidade!
Qual é a nossa visão? A Ração Sustentável!
Um cabaz que chega a cada família todas as semanas, composto por 2 elementos: os Embalados – Arroz, leguminosas e similares produzidos e distribuídos para todas as regiões nacionais e os Frescos – Frutas e Vegetais, produzidos e distribuídos idealmente localmente.
Falta-nos informação? Provavelmente precisamos de saber mais sobre as necessidades e hábitos alimentares à escala local, para podermos prever a qualidade e as quantidades necessárias de alimento de cada pessoa.
O que pode custar este cabaz? Em Portugal é possível assegurar uma dieta completa a menos de 5€ por dia, o que resulta em 150€ mensais, incluindo custos de confeção- o equivalente a 25% do ordenado mínimo.
É importante esclarecer o que significa “alimento”! Algo que alimenta é algo que nutre e que é benéfico para o nosso corpo. Não consideramos alimento, coisas comestíveis que não comportam valor nutritivo positivo e nem tão pouco produtos que transportam pesticidas e aditivos nocivos para a nossa saúde.
Com uma solução tão simples, poderemos tornar acessível a todas as famílias aquela base de alimentação que permite resiliência – sobretudo em tempos de crise como os que atualmente atravessamos.