
Ingredientes Locais e Sazonais
Quando o equilíbrio do nosso sistema é impactado por choques ou stresses, precisamos de responder às nossas necessidades básicas localmente

Factos e Números
Sabias que quando nos alimentamos com ingredientes sazonais e locais estamos a aceder a mais nutrientes e a contribuir para a regeneração dos solos?
Acreditamos que, com cada ato que praticamos, precisamos de contribuir para a regeneração do planeta e para a resiliência das comunidades. É por este motivo que precisamos de voltar a uma relação próxima com a natureza e com os seus ciclos.
Porque perdemos a nossa ligação com a natureza? Provavelmente porque decidimos esconder de vista toda a produção alimentar e delegar a responsabilidade da nossa alimentação a uma indústria. Essa indústria responde a outros valores e os seus objetivos reforçam o nosso distanciamento de ciclos naturais.
Nos momentos em que sofremos choques e estresses torna-se fundamental podermos aceder ao que precisamos localmente, podendo-nos apoiar em ecossistemas funcionais e em infraestruturas e comunidades prósperas.
Precisamos fazer o melhor que conseguimos com tudo que temos ao nosso dispor hoje e aqui.

Contas

RESILIÊNCIA ATRAVÉS DA AGRICULTURA URBANA
Após o furacão Katrina, quando a Cidade de New Orleans lutava para se reconstruir, as famílias mais pobres ficaram desprotegidas e com pouco acesso a comida saudável. Em resposta a esta situação cresceu um movimento de hortas urbanas, que garantiu que muitas famílias tivessem acesso a alimentos além de impulsionar as relações na vizinhança assim como um aumento na autoestima colectiva.
Este movimento contribui para que a cidade se tornasse mais verde e mais atractiva. Esta iniciativa da comunidade atraiu muitas pessoas de volta para a cidade, tornando-a novamente num ponto de interesse até turístico, porque ninguém resiste à beleza.
Esta é uma história que nos traz esperança porque a Agricultura Urbana levada como uma atividade na qual todos nós nos podemos aventurar e praticar, pode aumentar a resiliência de qualquer comunidade. A pergunta que fazemos é: porquê esperar por um furacão, ou por uma crise, porque não começar já?

LIGAÇÕES DA AGRICULTURA URBANA
Sr. Agente, como estão os seus tomates?
Numa pequena localidade na Inglaterra, os moradores começaram a plantar alimentos nos canteiros públicos, para produzir comida em vez de serem meramente decorativos. Plantaram inclusive em frente à esquadra da polícia. Por um lado melhoraram muito as relações de vizinhança, mas também a entreajuda e a comunicação com as autoridades locais. Os moradores passaram a perguntar em conversas quotidianas e divertidas: “Bom dia Sr. Agente, como estão os seus tomates hoje?”.
O impacto na comunidade foi tal que a iniciativa começou a despertar curiosidade e a trazer turistas. Algo que permitiu o revitalizar do mercado local e continua a prosperar atualmente.

ACORDEI EM 2050
Alguma vez te aconteceu de te ires deitar para dormir e na manhã seguinte acordar e passaram 30 anos? Pois isto foi o que aconteceu ontem!
“Acordei, levantei-me e depois dos meus rituais matinais, abri a janela da varanda para colher o meu pequeno almoço: 7 folhas de Moringa do arbusto no vaso, duas maçãs do pomar (também em vasos maiores), uma pastinaca e uma cenoura da horta vertical de fachada, tudo para o meu sumo matinal. Debrucei-me sobre o corrimão da varanda para verificar onde estariam a pastar as cabras de fachada – umas gotinhas de leite de cabra fresco para o meu café matinal seria ouro sobre azul.
Mas estavam entretidas uns 5 pisos abaixo do meu. Pena, fica para a próxima!
De volta na minha cozinha, abri a porta de vidro do brotador de sementes hidropónico para colher uma couve toscana para adicionar uma camada no vaso probiótico e uma alface para o almoço. Fiz também colheita de umas deliciosas gotas de mel, da gaveta interior da minha colmeia de fachada. Fiquei feliz que esta colónia de abelhas que se instalou no ano passado é tão produtiva! Tenho até conseguido trocar mel por ovos e leite de cabra com aquele vizinho que consegue mais atrair as cabras de fachada.
A seguir, lavei cuidadosamente todos os deliciosos igredientes do meu sumo matinal, coloquei no triturador de vidro, encaixei-o na bicicleta, coloquei a bicicleta na posição roda livre e toquei a pedalar para a bebida ficar bem suave. Que delícia este sumo matinal preparado e cultivado em minha casa!

E SE HANSEL AND GRETEL TIVESSEM SABIDO FORRAGEAR
A arte de forragear é uma porta de entrada para uma das mais antigas práticas da humanidade de comunhão com a natureza. Conhecer os alimentos e as plantas para os colher e produzir alimentos e medicina natural não é um passatempo hippie nem uma bruxaria nefasta, é uma necessidade fundamental em termos de sobrevivência. É uma aproximação prática e fundamentada para despertar uma antiga sabedoria instintiva que reside bem dentro de nós.
Nutrir uma compreensão complexa da nossa relação simbiótica com o nosso meio inspira uma sensação de empoderamento e de bem estar. No entanto, entrar numa várzea selvagem e comer plantas nativas repletas de nutrientes é algo barbaramente romântico e intimidante para a maioria das pessoas. Porque é que um gato sabe exatamente que plantas mordiscar para conseguir purgar quando precisa , e nós já não somos capazes de o fazer?
E se Hansel e Gretel soubessem forragear, quando estiveram perdidos na floresta? E se elas tivessem decidido entrar em contacto com o seu conhecimento ancestral? Primeiro procurariam abrigo, para assegurar calor suficiente e conseguirem recuperar energia, depois procurariam um sistema de água limpa e por último procurariam encontrar comida – nesta ordem!
Quando procurassem alimentos, teriam conseguido manter-se vivos e saudáveis, colhendo as seguintes ervas daninhas e plantas: Urtiga (Urtica dioica), Calêndula (Calendula Arvensis), Dente de Leão (Taraxum officinale), Louro (Laurus nobilis), Malva (Malva sylvestris), Rosmaninho (Rosmarinus officinalis), Folha de Oliveira Selvagem (Olea europaea L. folium) e Vernasco (Verbascum thapsus).